08/01/2009

Batuque de joelhos

Enquanto isso acontecia, a mais de mil quilômetros dali meus futuros pais estavam com um problema. Os joelhos já estavam formando calos, de tanto bater um no outro de tremedeira. Dor de barriga, então, nem precisa falar. O salário estava indo quase todo em papel higiênico.

Também pudera! Eles estavam na faixa dos 30 anos, dois filhos pequenos com seis e quatro anos, dos quais mamãe cuidava enquanto papai trabalhava numa empresa. Para ajudar com as despesas, mamãe fazia bordados em ponto-cruz para vender. Moravam em um pequeno apartamento de dois dormitórios na grande cidade de São Paulo, como milhões de outras pessoas.

Eles eram exatamente aquilo que as pessoas chamam de classe média. Não sei bem o que significa isso. Papai era bem mais alto do que mamãe - vai ver que é por isso que os dois juntos formavam uma classe média, sei lá. Mas são pessoas que não têm nada de especial que às vezes Deus escolhe para fazerem algo. Sabe por quê? Ahá! Isso até eu sei explicar!

Tem um lugar na Bíblia - é, papai gosta sempre de citar a Bíblia - onde diz que as pessoas são salvas pela fé em Jesus, e não por suas boas ações. Está num lugar chamado Efésios capítulo dois. Lá também diz que Deus salva assim, de graça, e depois dá àquela pessoa que ganhou sua salvação eterna de presente uma tarefa para fazer. Mas é Ele quem realmente faz. A pessoa é só um instrumento.

Ali diz que Deus faz assim para que ninguém se glorie, isto é, para que ninguém fique dizendo que fez isto ou aquilo, que é o máximo, que dá show de bola e coisas do tipo. É claro que não está escrito com estas palavras lá, mas você entendeu, não entendeu?

Eles ainda não tinham contado nada para ninguém, nem que pretendiam adotar uma criança, nem que a criança seria especial, nem que já tinham encontrado e nem que já tinham encomendado! Mas uma noite veio uma confirmação para o que estavam fazendo, de uma forma como eles jamais poderiam imaginar.

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