22/02/2010

Bom dia, Pedro!

Meus dias são muito parecidos. Gosto de rotina. Acho que em casos como o meu, a rotina dá segurança. Fazer sempre as mesmas coisas, ir sempre pelo mesmo caminho, ter horário para tudo. Sou feliz assim, metódico. Até na hora de acordar, comer ou dormir gosto de tudo igual. Sou enjoado, né?

Acordo com um "Bom dia, Pedro!" lá pelas sete. A essa hora meu pai já está no segundo café, porque é bem madrugador. Quando me chamam, jogo as cobertas para o lado e saio engatinhando, pois minha cama fica na altura do piso para evitar acidentes.

As cobertas são as minhas e alguma da cama ao lado. É que eu aprendi a puxar as cobertas de meu irmão quando ele dormia ali e eu acabava dormindo duas vezes mais quentinho do que ele. Coitado, ele nem reclamava. Agora ele mora bem longe de mim, mas não acho que foi por isso...

Engatinho até o banheiro, seguro numa barrinha presa na parede e fico em pé. Bem, ficar em pé é modo de dizer, porque minhas pernas não esticam muito por causa de uma atrofia dos tendões. Mas é o suficiente para alguém tirar minha calça e a fralda descartável e me ajudar a sentar no vaso.

É ali que trazem meu leite de soja com chocolate para eu tomar no canudinho. Tomo o leite sentado no trono porque nessa hora costumo demorar. Não fico lendo jornal não, pois nem sei ler! É que gosto de fazer as coisas bem feitinhas.

Quando faço o número 2, alguém precisa me limpar com papel e depois lavar meu bumbum no bidê. Se o estrago não foi muito grande, então, além do papel higiênico, aqueles lencinhos umedecidos já resolvem. O pessoal aqui já adquiriu uma boa técnica, mas levou um bom tempo até descobrirem que passar o lencinho umedecido segurando-o com um pedaço de papel evita ficar com a mão fedida.

Se fizer só o número 1, então colocam de novo minha calça, mas sem a fralda, porque minha irmã me ensinou a segurar o xixi até eu engatinhar até o banheiro mais próximo. Ela ensinou também o resto a família a se lembrar de me levar ao banheiro a cada duas horas. Quando eles se esquecem, eu também me esqueço. Azar deles; quem manda esquecer?

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