26/11/2010

Vida agridoce

Estou de volta. Não sem deixar à mostra as marcas dos pedaços, porque é assim que a gente faz. Vai juntando os pedacinhos, reconstruindo, passando uma colinha aqui, uma fita crepe ali, um cimentinho acolá... É um monta e desmonta, porque a vida é agridoce.
wink


Outro dia contei de nosso momento amargo, com a partida da vovó. Mas foi, ao mesmo tempo, um momento doce, porque agora ela está com Jesus. Lembro-me de que em seu funeral, o meu amigo Pizzi falou umas palavras doces para um montão de gente lá (e como tinha gente!). Ele disse que certamente ninguém ali tinha se encontrado com vovó sem sair com uma mensagem sobre Jesus.

Ela era assim, falava pelos cotovelos, mas em seus cotovelos sempre tinha um compartimento para o evangelho. Pizzi falou que ali, deitada naquele caixão, ela estava dando sua última mensagem, amarga. A de que Deus falou a verdade, quando disse que por causa do pecado morremos. Mas, enquanto seu corpo estava ali, naquela cena azeda, seu espírito estava no Céu, na cena mais doce possível. Nisso também Deus disse a verdade.

Na noite do velório, meu pai e minhas tias também iam do agri para o doce numa fração de segundo. Ora estavam em prantos, ora gargalhavam lembrando de algum momento engraçado com vovó. Porque momentos assim eles tiveram, e foram muitos.

A vida é assim, amarga e doce. Geralmente é mais amarga do que doce, porque Deus reservou a doçura maior para depois. Não é no fim da festa que servem o bolo? No céu tudo é doce, muito doce e a doce notícia é que lá ninguém precisa fazer regime. O que seria de nós se a vida fosse só essa amargura daqui? Vovó costumava dizer que se a vida aqui fosse 100% ótima, ninguém iria querer morar no céu. Eu concordo.

Agora veja como são as coisas na Internet. Tenho um tio, Pedro - nome doce, né? - que é primo de meu pai. Ele é cravista e fortepianista, faz concertos aí pelo mundo todo. Se você ouvir falar de Pedro Persone, não confunda comigo que sou Pedro Persona e não toco nem campainha. O desvio no sobrenome é coisa de algum deslize de algum escrivão em algum lugar da árvore genealógica da família.

Sabe que hoje meu pai recebeu um e-mail dele? Veja que doce:

"...há dois dias recebi um forward de uma amiga que vive em Gent, na Bélgica, que ela recebeu de um primo que trabalha na Volks. É o seu texto do personal coach..."

Foi assim que ficou sabendo da vovó. Para o papai foi um momento doce, porque deve ter mais de vinte anos que não encontra esse primo. Ah! O e-mail foi para dar os parabéns a meu pai, porque naquele dia era seu aniversário. Fazer aniversário é doce. Mas não conta pra ele que eu contei pra você que ele já passou do meio século de idade! Essa é a parte amarga.

Receber o e-mail de meu tio e xará foi um momento doce, por saber que as histórias dão volta ao mundo e voltam pra gente, como um bumerangue. Assim é conosco. Viemos de Deus, celebramos alguns aniversários, e um dia Ele quer que a gente volte para Ele. Não vá se perder por aí, viu?


"...e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se." Lucas 15:20-24


Haydn, Joseph (1732-1809) - "Trios para Fortepiano, Flauta e Violoncelo" Hob.XV:15-17. - Pedro Persone, fortepiano / Bernardo Toledo Piza, traverso / Maria Alice Brandão, violoncelo / Selo: PAULUS, São Paulo, 1994.
A gravação mais atraente de todas parece-nos aquela dedicada à integral dos Trios para Fortepiano, Flauta e Violoncelo de Joseph Haydn (1732-1809). O grande teórico do barroco e do classicismo Charles Rosen chamou-os de "obra agradáveis sem maior interesse". Mas os Trios contém música deliciosa e repleta de imaginação, capaz de entreter o ouvido e o espírito pelos quase 70 minutos que duram. Grandes responsáveis pelo encanto são, naturalmente, os intérpretes que optaram por instrumental de época. Pedro Persone ao fortepiano, Bernardo Toledo Piza à flauta e Maria Alice Brandão ao violoncelo realizam aí um trabalho a um só tempo muito sério e agradável. São mestres em seus respectivos instrumentos e operam em conjunto com notável influência. A afinação em "temperamento desigual" do fortepiano (avô do piano moderno), assim como a sua peculiar sonoridade, poderão causar uma certa dose de estranhamento ao ouvido habituado à afinação atual. Mas vale a pena experimentar. J. Jota de Moraes - Jornal da Tarde

Um comentário:

Andréa disse...

Estou apaixonada pelo seu blog, passa no meu diariodeumamaeespecial.blogspot.com pq tem um selinho para você lá.

Abraços

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