14/03/2011

DEScontrole de qualidade

Já contei para você que meu pai é palestrante? Que faz palestras e treinamentos de um monte de temas, inclusive qualidade no atendimento ao cliente? Não se preocupe não, isso não é propaganda dele... bem só um pouquinho. Mas tem tudo a ver com o que eu quero contar.


Considerando que, além de palestrante, ele também é escritor, meu pai seria a última pessoa que você iria querer deixar descontente com um atendimento, não é mesmo? É que ele pode querer contar para um montão de gente que não ficou satisfeito, do mesmo modo como costuma contar também quando fica satisfeito.

Em setembro do ano passado uma ONG ligou aqui perguntando se ele queria participar de uma campanha para comprar uma cadeira de rodas. Depois de consultar os escorpiões do bolso, ele decidiu fazer diferente: doar minha cadeira de rodas que ainda estava em bom estado e comprar uma novinha para mim. Como estava de viagem marcada para os EUA, pensou em comprar lá, bem mais barato.

Aí achou que ia dar trabalho para trazer e preferiu pagar mais caro aqui acreditando que o nível de qualidade das empresas de cá já era equivalente ao das empresas de lá. Enganou-se, mas isso não deixou ele triste não! Do jeito que está, a profissão dele está garantida por muitos e muitos anos, porque tá assim de empresa precisando de palestras e treinamentos para melhorarem a qualidade.

Depois de pesquisar, comprou pela Internet em uma loja brasileira de aparelhos ortopédicos e escolheu a mesma marca brasileira de minha cadeira anterior, porque achou muito boa. A nova tinha até alguns incrementos, como melhores freios e suportes para os pés.

Assim que meu pai tirou a cadeira da caixa, notou um... bem... digamos... 'serviço porco' no encosto da cadeira. Em algum momento do processo de fabricação, montagem ou expedição, alguém decidiu fazer do encosto um quadro negro e rabiscou um grande número escrito com giz branco. Meu pai tentou limpar, mas ainda dá para ver. Se você ganhar na loteria com este número eu quero metade, ok?


Mas foi só meses depois da compra que meu pai notou outro DEScontrole de qualidade, sem saber se foi na fábrica ou na loja que vendeu a cadeira. Sabe aqueles aros externos que servem para o cadeirante empurrar a cadeira? Pois é, eles são diferentes na forma como são afixados na roda. De um lado deve ser o método antigo, soldado, porque era assim em minha antiga cadeira. Do outro, tem uns prendedores mais moderninhos aparafusados. E tem mais...

Além de serem diferentes na forma de fixar, os aros são diferentes também no diâmetro! Cara, cada um tem um tamanho! Um mede 53,0 cm e o outro 51,5 cm. É claro que eu nunca iria notar, porque sempre tenho alguém para empurrar a cadeira, mas um cadeirante que pilote sua própria cadeira imediatamente iria perceber. Diâmetros diferentes exigem um esforço diferente dos braços para se manter em linha reta, e quando a mão direita já chegou no ponto de largar, a esquerda ainda vem vindo atrás por causa do diâmetro maior.


Meu pai pensou em reclamar, mas desistiu só de pensar no trabalho e na dor de cabeça que isso vai dar. Precisaria convencer as empresas do erro e da falta de qualidade, enviar a cadeira, esperar chegar outra... já pensou o que ele ia gastar de Sonrisal? Então decidiu assumir ele mesmo o prejuízo. Quer dizer, isso porque a cadeira não é para ele, porque se fosse ele iria correndo reclamar.

Sobrou para mim, mas como sou otimista, vejo o lado positivo disso: tenho uma cadeira que me entende.

Agora, para distrair, veja com que criatividade esse cantor e sua banda contaram a história de um atendimento ruim feito por uma empresa aérea norte-americana. E no vídeo original em inglês (neste link) o contador já ultrapassou os DEZ MILHÕES!!

7 comentários:

Anônimas disse...

Pedrinho, embora eu seja uma fã do seu pai, acho que a decisão dele de assumir o prejuízo foi tremendamente errada...
Explico: se todo mundo que compra um produto com defeito não reclama, a fábrica continua a produzir coisas com defeito. E, no seu caso, a fábrica vai continuar nem aí pros deficientes que continuarão comprando cadeiras tortas.
Pense bem!!! Se vcs reclamam, estarão ajudando outros deficientes, que empurram a cadeira sozinhos, sentirão dificuldade e talvez nem tenham a idéia de medir as rodas como seu pai teve...
Fala com ele, Pedrinho! Convence o papai de que só podemos mudar alguma coisa reclamando! A justiça tá aí pra isso!
Sabe pq tem tanto problema em produtos produzidos no nosso país? Justamente pq uma parcela muito pequena dos brasileiros buscam seus direitos... aí as empresas começam a achar que o lucro delas é muito maior se elas pagarem as indenizações na justiça do que consertar o problema. Se todos reclamassem, as empresas veriam que mais vale fazer produtos de qualidade que sair indenizando tooooooooooodos os insatisfeitos.
Boa sorte com a cadeira, Pedrinho.

Beijos,
Débora

josé disse...

Estou com a Débora.
Ai Pedro manda seu pai reclamar sim.

sandra disse...

é isso mesmo tem q reclamar

sandra disse...

isso mesmo tem q reclamar

sandra disse...

ola Pedro seu anda muito ocupado?

sandra disse...

Pedro eu quis dizer: seu pai anda um pouco ocupado?

Eci Meira disse...

Pedrão! Voltei para corrigir um erro ortográfico. Você teve a quem puxar e não bixa. Kkkkk. É horrível escrever no célular. Fuiii. Até a próxima se Deus permitir!

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