O filme se chama "The Beaver" ("O Castor"), mas no Brasil saiu como "Um novo despertar". Quem traduziu o título deve ter sido o mesmo que coloca títulos do tipo "O assassino foi o mordomo" em filmes de suspense. Em "The Beaver", Walter Black (Mel Gibson) é um industrial e pai de família com depressão que só quer dormir. Nisto meu pai não se parece nadinha com ele, porque detesta dormir. Voltando ao filme, ninguém na família aguenta aquele dorminhoco deprimido, por isso ele vai morar num hotel, onde tenta se suicidar.
Walter Black é salvo na última hora pelo Castor, que fala com ele. Na verdade é ele mesmo quem sem perceber enfiou a mão em um Castor tipo boneco de Vila Sésamo e falou consigo mesmo mexendo a boca do boneco. A propósito, quem assessorou a diretora Jodie Foste no filme foi o criador dos "Muppets" de Vila Sésamo.
O ponto é que o Castor traz à tona uma segunda personalidade de Walter Black, que inclusive tem sotaque britânico, o mesmo que Mel Gibson foi obrigado a aprender quando filmou "Coração Valente". Aí o antes depressivo Walter Black passa a ser "mucho macho" nessa sua segunda personalidade, inclusive fazendo com que sua esposa volte a se apaixonar por ele. Ele volta a trabalhar e cria um novo produto para sua indústria de brinquedos que é um sucesso comercial.
O problema é que tudo o que ele faz e diz é com a mão esquerda enfiada no boneco Castor, que não sai dali nem para ele tomar banho (não me pergunte como ele amarra os sapatos ou abotoa a camisa). Por causa do sucesso de sua indústria ele é convidado para entrevistas na TV, mas quem acaba sendo entrevistado é o boneco. Mas antes que você fique preocupado que eu vá contar o filme inteiro, não se preocupe. Não vou contar que ele morre tragicamente no final. O Castor.
Mas por que estou dizendo tudo isso? Porque fiquei preocupado que meu pai tenha feito de mim o seu Castor. Você sabe que eu não falo, não escrevo, não posso ter raciocínios complexos e não posso fazer muitas outras coisas devido à minha lesão cerebral, não é mesmo? Então quem fala por mim, escreve por mim e pensa por mim neste blog é meu pai. Sinto-me de certa forma "usado" como se fosse o fantoche do filme (Isto é crime? Posso processar meu pai? Quanto vou ganhar?).
(Observação: Se você acha que é errado chamar a Dilma de "presidente", saiba que faço assim por achar falta de respeito chamá-la de "presidenta". Você acharia correto chamá-la de "estudanta" em seus tempos de "estudante"?).
Minha dificuldade agora é imaginar aonde este meu papel de Castor vai me levar, pois estou achando que ele já não anda bom da cabeça. Ontem saímos e ficamos fora de casa por umas duas horas, mas ele só percebeu que tinha se esquecido de colocar fralda em mim quando estava abrindo a porta do apartamento. Como ainda faltavam dois metros até eu chegar ao lavabo, decidi tornar seu esquecimento memorável ali mesmo, em minha cadeira de rodas ainda no hall de entrada. Para o desgosto de meu pai ele precisou me dar um segundo banho, me enxugou, me vestiu e me colocou na cama para dormir.
Hoje às 6 da matina ele percebeu que tinha se esquecido de algo... isso mesmo, minha fralda. Mais uma vez deixei claro que não gosto que me coloquem para dormir sem fralda, e nem gosto de ser o Castor de ninguém!
7 comentários:
Awwwwww papai...nao esqueca d minha fraldinha ;)
Mario...q crianca nao gostaria d ser seu castor? Vc eh uma bencao!!!
Deus abencoe SEMPRE irmao!!!
Awww papai.. nao esqueca d minha fraldinha ;)
Mario...qual eh a crianca q nao gostaria d ser seu castor?
Vc eh uma grande bencao irmao!
Deus abencoe SEMPRE!
Um pai usando o filho completamente sujeito a ele para o bem daqueles que não fazem parte de seu círculo familiar. Hum, essa história não me é estranha. Teve um que fez mais que isso. Entregou seu filho à morte por causa de seus inimigos. João 3.16
Você é muito lindo! Dá um beijo bem gostoso no Pedrão.
Amei o comentário do César Augusto Camelo Ferreira!
Que humor sutil e gostoso.
Fiquei aqui rindo pra tela o texto inteiro...
O comentário do César Augusto fez todo o sentido realmente.
Obrigada Mário Persona, por nos presentear com seu conteúdo doce, leve e muito edificante.
Muito bom Pedro!
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