"Na verdade, cheguei até aqui porque tenho algo que muitos deficientes não têm: apoio da família. Sempre me ensinaram a não supervalorizar minhas limitações e explorar minhas capacidades". Sabe quem disse isso? O Eduardo Purper. Mas quem é o Eduardo afinal?
É um rapaz de 22 anos que meu pai viu no jornal. Ele tem paralisia cerebral, mas não está nem um pouco paralisado perto de muitos estudantes por aí que acham difícil estudar. O Eduardo não enxerga e não fala, também não lê e não escreve, mas está terminando a faculdade de jornalismo. Ué, como ele fez?
Ele grava as coisas, em um gravador e em sua memória de muitos gigabytes. Agora ele está se preparando para apresentar seu trabalho de conclusão de curso e sua monografia não será escrita, será falada. No Centro Universitário Metodista IPA de Porto Alegre os professores dão o maior apoio.
Mas veja bem: não é aquele apoio de quem trata portadores de deficiência como coitadinhos. Trate seu filho assim e a vida dele vai ser uma droga. Descubra o que ele é capaz de fazer e deixe que faça, e ele será feliz. O segredo o Eduardo já deu: não supervalorizar as limitações e explorar as capacidades. A receita é simples, mas acho que tem gente que custa a aprender.
O pai do Eduardo ajuda gravando os trechos de livros que ele acha mais importante para seu trabalho, e depois ele vai escutando e montando o trabalho todo na sua cabeça. Agora veja mais esta: Eduardo também ajuda outros, participando da ONG Pró-Inclusão e dando palestras sobre deficiência e inclusão social.
Qual o tema da monografia? "Análise Semiológica de Narrações de Futebol". Nossa! Meu pai quase não consegue escrever isso tudo. O trabalho é sobre a parcialidade (ou falta dela) dos locutores esportivos durante as transmissões de futebol. Quer saber? Se a Seleção às vezes decepciona, o Eduardo não. O cara driblou os problemas e fez gol de placa.
Agora que você leu isto, se tiver alguém em sua família portador de deficiência, pare de tratá-lo como coitadinho, descubra quais são suas capacidades e ajude para que essa pessoa faça o máximo sozinha. Lembra da história de não dar o peixe, mas ensinar a pescar? Então faça o mesmo.
15/06/2010
Exemplo de super-ação
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