Meus novos pais estavam em uma reunião de estudos bíblicos e oração no apartamento de uns amigos. Havia ali umas doze ou quinze pessoas, algumas delas crianças, e tudo corria como de costume. Alguém tinha sugerido para cantarem um hino, outra pessoa fez uma oração, alguém comentou um versículo da Bíblia e assim foi. Até que um homem, que tinha vindo de outra cidade, resolveu abrir sua Bíblia, ler um ou dois trechos e comentar.
O trecho que leu primeiro foi este, em Romanos 8:15: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai." Depois leu Efésios 1:5: "E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade".
Então começou a falar do amor de Deus que, vendo suas pobres criaturas cegas, aleijadas ou mesmo mortas espiritualmente, decidiu adotá-las como filhos. Para poder fazer isso, Ele precisava dar um jeito em um problema que essas pessoas tinham, que era o pecado. Como Ele não queria castigá-las por isso, decidiu fazer um negócio muito estranho, mas muito bonito.
Ele enviou o Seu Filho, Jesus, para vir aqui morrer numa cruz no lugar das pessoas. Isso mesmo, algo como alguém inocente ser castigado no lugar do culpado. Vou dar um exemplo: uma vez, no barraco onde eu morava, estiquei o braço e derrubei uma caneca cheia de água que estava ao lado de minha cama. Minha mãe original entrou e viu a bagunça e meu irmãozinho pegando a caneca caída no chão. Adivinha quem ganhou as chineladas? Ele! Entendeu? Eu era culpado, mas foi ele quem apanhou. E eu saí livre do castigo.
Mas a coisa era bem mais complicada no caso de Jesus. Deus sabia que Ele não era culpado, mas fez isso porque amava muito as pessoas. Aí, todo aquele que crê em Jesus, que reconhece que o sangue que Ele derramou lá na cruz é a única coisa que pode deixar a gente limpinho para ir para o céu, é transformado em filho de Deus.
Bem, não sei se era bem assim que estavam falando naquela reunião, mas a pessoa que falava explicava direitinho e ficava repetindo a palavra "amor" a todo momento. Dizia que só o amor poderia ter levado Deus a fazer o que fez. E que o amor de Deus era tanto, que Ele cuidava direitinho daqueles que passavam a ser Seus filhos.
Sabe o que foi o mais bonito de tudo aquilo? É que aquele homem que falava também tinha sido um filho adotivo, criado por uma outra mãe quando criança. Ele falou tudo aquilo de coração, sem saber que meus pais estavam cuidando de minha adoção. Com certeza Deus estava muito atento a tudo o que acontecia e mandou aquele homem dar um recado para meus pais ficarem mais tranqüilos.
10/01/2009
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